Breve história de Nova Friburgo.
No início do século XIX (anos 1800), a maioria dos países europeus estava passando por guerras terríveis provocadas pelas conquistas do imperador francês Napoleão Bonaparte, o que gerava doenças, desemprego, fome e miséria. A Suíça também passava por esses problemas.
Enquanto isso, na América, o Brasil deixava de ser colônia para ser a sede do Império Português, e o rei Dom João VI queria “europeizar” as terras brasileiras, consideradas por ele muito mestiças e cheias de costumes africanos e indígenas. Ele pensou em introduzir colonos europeus na colônia que, além de trazerem a cultura do Velho Continente para o Brasil, também marcariam o começo do trabalho livre por aqui, pois a escravidão já estava em crise.
Assim, Dom João VI e o diplomata suíço Sebastien Nicolas Gachet assinaram um acordo para a criação de uma colônia de suíços no Brasil (o decreto criando a colônia é de 16 de maio de 1818, data em que hoje se comemora o aniversário da cidade). Ela se chamaria Colônia do Morro Queimado, e se localizaria na região serrana do Rio de Janeiro, que tinha um clima mais agradável, diferente do forte calor tropical que caracterizava outros locais do Brasil. Os suíços seriam trabalhadores livres, ganhariam lotes de terra para plantar e teriam uma vila só deles, que eles administrariam. Para tanto deveriam ser católicos, pois o catolicismo era a religião oficial de Portugal e do Brasil, trazer toda a família e terem as mais variadas profissões.
O que diz respeito a colonização européia no Rio de Janeiro, está diretamente ligado a chegada dos portugueses em 1808 ao Brasil e a presença do contingente de escravos africanos por aqui; para tanto foi se pensado na experiência de trazer europeus para aumentar assim a população branca.
A notícia da colônia atraiu muita gente, assim chegou no Rio de Janeiro em 4 de novembro de 1819, pouco mais de mil colonos suíços chegam ao Brasil, dos mais de dois mil que saíram da Suíça e rumaram para a colônia de Morro Queimado, na Serra dos Órgãos, para criarem a colônia de Nova Friburgo, após ela, foi criada a colônia de Petrópolis formada por colonos alemães.
O papel mais importante da chegada do europeu ao Brasil era trazer a civilidade, a civilização para os redores da corte portuguesa, os imigrantes seriam os agentes culturais dessa civilidade, que seriam feitas entre os imigrantes e os brasileiros da corte portuguesa.
O historiador Ilmar Mattos, cita em seu livro: O tempo saquarema: a formação do Estado Imperial,(1) que "o estabelecimento da Corte no Rio de Janeiro incentivou o crescimento da cidade, ela possibilitou também ... a ocupação das áreas até então ralamente povoadas".(1990, p. 21) A partir daí surge Nova Friburgo, como resposta a uma necessidade de povoamento de áreas pouco habitadas e também de promoção da civilização na região circunvizinha à Corte.
A colônia foi transformada em vila em 13 de janeiro 1820 e recebeu o nome de Nova Friburgo para homenagear o cantão de origem da maioria dos suíços, chamado Fribourg (nome alemão que significa “cidade livre”).
Nova Friburgo foi transformada em cidade em 8 de janeiro de 1890.
Com o período das grandes imigrações para a América a partir de 1850 (o auge da imigração foi após 1880), Nova Friburgo continuou a receber imigrantes de diversas nacionalidades: além de portugueses, suíços e alemães, também vieram italianos, espanhóis, libaneses, japoneses e muitos outros, que deixaram sua herança cultural na cidade.
Hoje Friburgo e seus arredores chora, ficamos angustiados e sensibilizados por não termos notícias de parentes, amigos, conhecidos e até mesmos desconhecidos. Quantos bons momentos tivemos na praça central de Friburgo, no teleférico, ou em Petrópolis, Teresópolis, enfim, hoje choram eles e choramos nós a partida de centenas de pessoas que mesmo sem ser parente, são seres humanos como nós. O brasileiro é um povo solidário, hoje não são mais os europeus que no passado chegaram, são seus descendentes diretos ou indiretos, mestiçados, que quando aqui chegaram vieram com o intuito de "europeizar" a população, entretanto acabaram se misturando, se mestiçando e com isso criaram um novo povo, o povo Brasileiro. Hoje o povo se une para ajudar a reerguer uma nova cidade, uma nova história. Ontem recebemos a notícia que nossos parentes de lá estão bem, a sua casa virou abrigo e estão ajudando alguns amigos que perderam tudo, inclusive as famílias, mas estão bem, tivemos sorte, tiveram sorte. Sorte que muitos não tiveram. Peço a Deus que olhe por eles, por aqueles que tudo perderam e por aqueles que perderam suas vidas.
“...Mas quem cantava chorou/ ao ver seu amigo partir/ Mas quem ficou no pensamento voou/ Com seu canto que o outro lembrou/ e quem voou no pensamento ficou/ Com a lembrança que o outro cantou/ Amigo é coisa para se guardar/ .../ mesmo que o tempo e a distância, digam não/ mesmo esquecendo a canção...”
Canção da América, Milton Nascimento e Fernando Brant
(1) - Mattos, Ilmar R. 1990 O tempo saquarema: a formação do Estado Imperial. 2a ed., São Paulo, Hucitec.
Fontes:
Foto: Vila de Nova Friburgo (1820), pintura de Jean-Baptiste Debret. Fonte: acervo do Centro de Documentação D. João VI - Nova Friburgo, RJ.
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