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sexta-feira, 2 de outubro de 2009

O Feijão dos Tropeiros




Ao percorrer a Serra das Carrancas, em Minas Gerais, no ano da Independência do Brasil, o naturalista Auguste Saint-Hilaire assim descreveu as diversas tropas de muares que palmilhavam então aquela região:
"Depois de nós, várias caravanas vieram sucessivamente aboletar-se no rancho. Vêm umas do Rio de Janeiro para São João e Barbacena, carregando sal; vão outras destes arredores para a capital e levam toucinho e queijos. Estes gêneros, que constituem dois ramos de comércio muito importantes para a comarca de São João, transportavam-se em cestas de bambus achatados e quadrados: cada cesto contém cinquenta queijos e dois formam a carga de um burro.(...) O sal é transportado em sacos. Quando chegam os tropeiros arrumam as bagagens em ordem e de modo a ocupar o menor lugar possível.(...)"
O desconforto não era o único fardo dos tropeiros.As tropas ou eram propriedades das fazendas ou dos próprios tropeiros, que trabalhavam à frete, subindo e descendo os íngremes caminhos da serra. Pelo caminho do Inhomirim, primeira estrada calçada mo Brasil, no início do século XIX e onde viu todo o ouro das gerais, escorrer em direção à Côrte, assistia agora a descida do café para o Porto da Estrela, a margem do Rio Inhomirim, escravos também eram transportados pelos tropeiros.
O feijão do tropeiro, como o arroz do carreteiro, era e é a comida de uma gente trabalhadora que fazia suas refeições pela estrada a fora. O próprio indio servira de exemplo com a sua farinha de guerra.O historiador Alípio Goulart, por exemplo, escreveu em Tropas e tropeiros na formação do Brasil:
" o cozinheiro era outra figura importante da tropa (...) logo que a tropa arribava, para o descanso, a atividade desse elemento se desdobrava, pois os camaradas , mal deixavam os animais no pasto, depois da série de afazeres que lhes competiam, corriam céleres para o prato de feijão com carne seca e a caneca com café fumegante (...)."
Para seis tropeiros esfomeados, de vésperas o cozinheiro da tropa catava e lavava 500 grs. de feijão mulatinho, colocava no caldeirão o que iria ao fogo, devia juntar outros tantos gramas de bacon, outros tantos de toucinho de fumeiro. E a carne seca quando tem.

Pesquisa: PERES, Guilherme. Tropeiros e Viajantes na Baixada Fluminense (Ensaio) - Gráfica Shaovan Ltda. 2000.

ALVES FILHO, Ivan. Cozinha Brasileira. Editora Revan.2000

Feijão Tropeiro Mineiro





INGREDIENTES:

1 xícara (chá) de farinha de mandioca
1 Kilo de toucinho para torresmos
1 quilo de linguiça tropeira
1 Kilo de feijão preto
2 ovos cozidos.

Temperos:

3 colheres (chá) de salsinha
3 dentes de alho picados
1 cebola picadinha
sal a gosto

MODO DE PREPARO:

Cozinhar o feijão (não deixar desmanchar). Deixar escorrer o caldo numa peneira. À parte, picar o toucinho, temperar com sal e fritar os torresmos até ficarem amarelinhos. Fritar a linguiça numa panela tampada com um pouco de água. Destampar logo que a água secar, para corar. Em ½ xícara da gordura deixada pelos torresmos ao fritar, refogar os temperos e o feijão cozido sem caldo. Adicionar a farinha e os torresmos. Transferir para uma travessa e enfeitar o feijão tropeiro com rodelas de ovo cozido e contorne com pedaços de linguiça frita. Acompanhe com couve refogada.

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